Amanda Costa é uma das mais respeitadas astrólogas da atualidade. Terapeuta floral, escritora e professora de Literatura e de Astrologia, Amanda começou seus estudos de forma autodidata no início dos anos 1970. Entre 1978 e 1981 foi aluna da afamada astróloga alemã Emma de Mascheville. É autora dos livros ‘360 Graus: Inventário astrológico de Caio Fernando Abreu’ e ‘Astrologia: o cosmos e você’, que recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre. Amanda também é webcomunicadora nas redes sociais, onde atua como divulgadora de eventos culturais e na propagação do conhecimento da Astrologia.

Em meio ao turbilhão de incertezas que assola o planeta, Amanda nos brinda com sua análise precisa e reveladora dos céus que governarão os destinos da humanidade no ano de 2020. 

Com a palavra a astróloga:

NA GLOBAL ALDEIA OS HUMANOS DANÇAM A MANDALA DA REINVENÇÃO – uma reflexão sobre as configurações astrológicas e o momento atual

Em um parto natural, quando o bebê está quase nascendo e começa a aparecer sua cabeça na entrada da vagina, ocorre o que é denominado “coroar” ou “coroamento”. Linda relação do momento solar que é o nascimento e a analogia com a forma da coroa de luz do Astro-Rei, em torno do qual gira o sistema de que fazemos parte. A palavra coroa vem do latim “corona”, nome dado a este vírus que vem sacudindo nosso atribulado planeta desde o final do ano 2019. Atenta às sincronicidades entre eventos, ou seja, a relação acausal entre acontecimentos diferentes que apresentam uma conexão de significado, não vejo como não relacionar simbolicamente com a experiência coletiva que estamos atravessando. Um parto, movimento de partir, cortar, findar um ciclo e começar um novo ciclo. Para que o novo nascimento aconteça e possamos respirar e entrar na vida, há que coroar, precisamos ser ungidos pela luz da consciência.

O corpo de nossa Mãe Terra que vem sendo castigado por nossa espécie predatória tem nos enviado várias mensagens, mas como os seus filhos humanos andam imersos na cegueira do poder e da ganância, o recado veio com mais força. O mundo é grande, mas é um só. Não há intocáveis, o vírus se alastra rapidamente, não distingue território, raça ou classe social e atinge inclusive aqueles que louvam o Senhor Dinheiro. Uma das particularidades deste vírus é o modo de transmissão. O que faz com que se espalhe tanto e com tanta velocidade é sua materialidade, pois além de ser transportado por secreções respiratórias também ocorre por contato das mãos com superfícies de diversos tipos, nas quais adere por várias horas. Ou seja, gruda na matéria. Metáfora gritante! De tanto viver pela matéria, ficamos escravizados e podemos morrer através dela. Precisamos nos desgrudar e nos libertar do que nos prende e adoece. Esse problema global mostra que muros e fronteiras não nos separam nem protegem realmente, expôs nossa fragilidade e precariedade.

As configurações planetárias atuais apresentam a concentração de planetas em signos de elemento Terra, especialmente um aglomerado em Capricórnio: Plutão, o planeta do poder, da transformação e dos processos de morte e renascimento (de 2008 a 2023; seu ciclo completo ao redor do Sol é de aproximadamente 250 anos e transita muito tempo em cada signo). Saturno, astro regente de Capricórnio, que corresponde a limite, estrutura, contenção, tempo e duração (de 2018 a 2020; seu ciclo é de 29 anos e meio, se move em torno de 2 anos por cada signo). Júpiter, ligado à expansão, crescimento, abundância (de dezembro de 2019 a dezembro de 2020; seu ciclo é de 12 anos e transita por volta de um ano em cada signo). E, recentemente, Marte, que representa impulso, decisão, luta (de 16/2 a 30/3, seu ciclo completo é de 2 anos). Também neste elemento, porém no signo de Touro, está o planeta Urano, relacionado a mudança, ruptura e libertação (de junho de 2018 até 2025, seu ciclo é de 85 anos, fica em torno de 7 anos em cada signo). Essas forças, associadas, formam o pano de fundo do ano de 2020.

Além da ênfase neste elemento, há vários momentos de aproximação entre os astros em Capricórnio, assinalando o aspecto de conjunção, em que suas forças se somam. Os signos de Terra, além da relação com a materialidade, com as coisas concretas e objetivas, também se ligam à economia e à política. Urano em Touro aponta para revolução de valores e mudança nas relações de trabalho e produção. O trânsito de Plutão por Capricórnio, sobretudo, remete ao processo de transformação do sistema capitalista em curso.

É evidente que chegamos a um limite, a uma saturação, estamos ultrapassando o limiar de resiliência do nosso querido planeta Terra, cuja natureza vem sendo constantemente agredida e abusada. Os agentes de extinção em massa somos nós, como um vírus. E agora estamos em guerra com outro vírus. Precisávamos ser contidos, freados em nossa loucura. Limite. Há que desligar o antigo sistema para reiniciar sob outra forma. O grão precisa morrer para dar frutos.

Quando o Covid-19/coronavírus começou a se manifestar, em 2019, havia uma configuração de embate entre Júpiter, expansão, e Netuno, o ilimitado. Uma associação rara entre esses planetas em signos de sua regência, Sagitário e Peixes, respectivamente. Como Netuno tem um ciclo de 164 anos é bem difícil haver este contato com Júpiter, ambos domiciliados. Netuno é um astro que historicamente está presente em epidemias, contágios, intoxicações etc. Como um mar que se derrama e não respeita represas. Tal configuração é coerente com o crescimento exponencial observado. A boa notícia é que durante 2020, com Júpiter em Capricórnio, temos uma associação mais cooperativa entre esses dois astros, já ocorrida em fevereiro (quando começaram os bons resultados das pesquisas na busca de remédios) e que se repetirá entre os meses de julho e outubro. É uma perspectiva bastante alentadora.

É muito importante termos esperança, mas é imprescindível agir de modo prático. Seguindo o trajeto dos astros, a energia capricorniana aparece como uma limitação: pare. Fique em casa. A casa é o lugar do signo oposto a Capricórnio, que é Câncer, ligado ao lar, à família, às origens, à intimidade, ao acolhimento e ao nosso mundo pessoal. Hora de se reencontrar consigo e com os seus, de se cuidar, de se interiorizar e refletir. Cuide de si, dos outros, do planeta Terra. Pare de consumir, de se consumir e se perder, pare de poluir. Sejamos mais afetuosos e solidários. O signo de Câncer também é ligado à maternidade, a gestação e o ventre. É neste ninho, agora apartados, que temos a oportunidade de gerar este novo ser, nós mesmos. Ser que depois disso tudo vai renascer em outra qualidade. Estamos passando pelas dores do parto.

Saturno, o planeta que corresponde a Capricórnio, faz uma entrada breve no signo de Aquário (do qual é co-regente) entre 22/3 e 1/7, quando retorna para Capricórnio. Em dezembro ingressa novamente em Aquário onde transitará por dois anos. A atual passagem por Aquário sinaliza claramente nossa situação de distanciamento (Saturno) social (Aquário), assim como o meio que temos para nos comunicarmos uns com os outros à distância, inclusive em grupos (Aquário) através da tecnologia dos smartphones, computadores e a internet (Aquário). Responsabilidade e comprometimento (Saturno) com o coletivo (Aquário).

Em dezembro Júpiter também estará em Aquário e formará uma conjunção com Saturno neste signo. Aquário, o Aguador, simboliza a humanidade, o coletivo, o espírito de comunidade. O farol que ilumina o caminho é a cooperação, a união, a ajuda mútua e realizar os ideais aquarianos de igualdade, fraternidade e liberdade. Se faz necessário sermos mais altruístas e menos predadores.

A conjunção de Júpiter e Saturno ocorre a cada 20 anos. Durante ciclos de 200 anos se repete em um dos quatro elementos, passando por três signos que integram este elemento. Leva 800 anos para voltar a cada um dos elementos e sua trilogia, ciclo denominado Grande Mutação. Este é um encontro muito importante, pois assinala o início de um ciclo dos próximos 200 anos no elemento Ar. Começa com o signo de Aquário e a cada 20 anos ocorrerá em um dos signos de elemento Ar (Gêmeos, Libra, Aquário). Nos últimos 200 anos vivemos o ciclo de elemento Terra, materialidade, e passaremos 200 anos no ciclo do Ar, elemento da atividade mental e dos relacionamentos humanos. Uma mudança de atitude e de pensamento. Além disso, em 2023-24 Plutão se moverá para Aquário e em 2025 Urano entrará em Gêmeos, incrementando ainda mais a ventania nas cabeças, o que sugere tempos mais humanistas e uma espécie de nova Renascença.

Não, pessoal, a Era de Aquário não chegou! Não há um super-herói para nos salvar, tampouco uma mudança de era significa um paraíso. Vivemos uma longa transição da Era de Peixes para a Era de Aquário, as energias de ambas estão misturadas, é um processo. A Era de Aquário começa nos anos 2.300.

Há vários sinais do processo aquariano acontecendo faz tempo, tais como revoluções sociais e progresso tecnológico, refletidos em posições planetárias neste signo. Mais ou menos desde o final do século XVIII, gradualmente no século XIX, se acentuando no século XX e ultra acelerando no século XXI. O ritmo da mudança de paradigma mais que duplica a cada década. Alguns exemplos são a Internet, a Inteligência Artificial e a Biotecnologia.

As eras astrológicas têm duração aproximada de 2.160 anos. São ligadas a um dos movimentos do eixo da Terra chamado Precessão Equinocial, em que ela gira para trás em relação ao zodíaco sideral, das constelações. Semelhante a um pião, desenha um cone no espaço cujo ciclo completo é de aproximadamente 26.000 anos. Atualmente, o Ponto Vernal astronômico, que é a intersecção da Eclíptica (órbita do Sol vista da Terra) com o Equador Terrestre, está a 6 graus de Peixes. O marcador astronômico do início da Era de Aquário se dá entre os anos 2.300 e 2.400. São 72 anos para percorrer cada grau. O início da Era de Aquário ainda não aconteceu e não será em 2020, tampouco em tempo próximo.

A grande mudança é dentro da gente. E cada um faz a sua parte no grande todo. Há que fazer o necessário, ter compaixão e solidariedade, cooperar, dar apoio, ter empatia, escutar os outros, se escutar, mudar velhos hábitos que não servem mais, desapegar da matéria que prende e escraviza. Fundamental nos trabalharmos internamente também, buscar o autoconhecimento. Você conhece a sua mente? Pratique meditação. Precisamos estar mais preparados para o novo ritmo dos acontecimentos.

Na jornada de evolução, volta e meia aparece um desafio para nos fazer crescer. Como o que vivemos agora e como tantos no passado e os que acontecerão no futuro. Temos que trabalhar bastante. Uma das manifestações da transição da Era de Peixes para a Era de Aquário é o contexto ligado ao oposto complementar de Peixes, o signo de Virgem, signo de elemento Terra fortemente ligado à Mãe-Natureza, à saúde, à limpeza, ao trabalho dedicado no esforço de organização e aperfeiçoamento. Há um convite para sanar aquilo que está doente, a cuidar de nossa casa e limpar o estrago que estamos fazendo no planeta. É urgente salvar nossa Nave-Mãe, que nos transporta pelas ondas dos cosmos, cuidar de nossa casa-corpo e cuidar uns dos outros, esse imenso cardume que somos, grande mar de onde viemos todos, gestados no ventre da Vida. De perto todo mundo é igual.

Há desafio e oportunidade. É preciso “aprender a só ser”. Além de ficar mais perto de seus queridos, assistir séries, filmes, fazer cursos, ler livros, ouvir e fazer música, aproveite para praticar meditação, no mínimo uma vez ao dia. Sente com a coluna reta, respire e observe sua respiração. Mente tagarela, muitos pensamentos? Observe os pensamentos, eles passam, como as nuvens. Volte a observar a respiração, o ar entrando e saindo. Tudo passa. Isso também passará. E não seremos mais como antes. Você será?

Amanda Costa, março-abril de 2020

Amanda Costa em seu atelier em Porto Alegre
Foto: divulgação

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http://www.amandacosta.com.br

Publicado por vanaweb

Valério Azevedo nasceu na segunda metade do Século XX. O autor é, portanto, um baby-boomer. Cresceu assistindo televisão. Aos nove anos acompanhou, ao vivo, o homem caminhar pela primeira vez na superfície da Lua, porém sem cores. Há esse tempo, seriados de TV mostravam viajantes do espaço, do tempo e do fundo do mar combatendo monstros ameaçadores. Somente em 1973 a televisão no Brasil ganhou cores e ele passou a ver, sem assombro, negras silhuetas contra o céu azul despejarem a morte sobre a Indochina. Nessa época havia na casa dos seus avós um telefone que ele nunca usou. Anos mais tarde, em seu primeiro emprego, Valério conheceu o videoteipe. Invento extraordinário, que aprimorou a manipulação de imagens e sons, causando na narrativa audiovisual um sentimento algo instantâneo e urgente, e apaixonou-se por essa ideia. Pouco depois apareceram os primeiros computadores pessoais. Eles poderiam facilmente substituir máquinas de escrever e pilhas de papel, mas o autor os percebia apenas como brinquedos. Ele jogava xadrez com um deles e em sua esverdeada tela de fósforo encontrou inspiração para começar a escrever ficção. Com a chegada, no Brasil, do telefone celular e da rede mundial de computadores, em princípios dos anos 1990, a conexão entre as pessoas se intensificou incrivelmente. Ao mesmo tempo, a passagem de registros analógicos para digitais alterou de forma decisiva o modo de se produzir informação. Pouco depois da virada do milênio, o advento das redes sociais da internet foi o golpe de misericórdia na elaboração regulamentar de informações. Para o autor da página A Existência Virtual, “agora que os telefones fazem tudo, e até transmitem imagens e sons ao vivo, cada pessoa já pode se ocupar de espalhar sua precária e angustiada verdade, que a seguir se dissolverá como os entressonhos do alvorecer”. Então, decidiu retornar ao papel impresso, pois segundo ele, conforta-o a sensação do livro nas mãos e a ausência da barra de rolagem.

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