Conheci os Caçadores de Fantasmas pouco antes do final do milênio. Eu vinha de uma longa e fatigada busca por respostas e afortunadamente os encontrei em um refúgio do Caminho.

Encontro com a paranormalidade

Foi em uma noite clara de abril ou maio. A paisagem da Chapada dos Veadeiros, mergulhada no pálido luar cerratense, deslizava lentamente sob os movimentos suaves da galáxia, milhares de anos-luz acima das nossas cabeças. No alto de um outeiro breve, próximo ao lugar que chamam Jardim de Maytreia, um conjunto heterogêneo de pessoas interessadas em fenômenos escutava com atenção.

Me aproximei em silêncio e fui convidado a entrar no círculo. Só então percebi na areia a marca inscrita ao redor do grupo e de uma pequena fogueira cercada de cuidados reverentes. Na minha frente, em pé, sob um manto negro com capuz, a figura quase mitológica da vidente Rosa Maria Jacques segurava à mão direita um cajado historiado de símbolos mágicos, e explicava aos demais o motivo de estarem ali. 

Fazia frio e procurei ficar perto do fogo. Com isso, aproveitei para examinar os outros, trocar olhares, acenos com a cabeça, enfim, avaliar sua variedade. Pessoas comuns, calculei. Estudantes do oculto, médiuns, sensitivos, telepatas, aficionados, curiosos e perdidos, que como eu, reuniam-se ali em busca do milagroso. 

Da elevação tínhamos boa visão da savana, cortada por uma antiga vereda alagada, com seus longos buritis e folhagens espessas formando um caminho. À nossa esquerda o dorso da ‘Baleia’ – como é conhecida a montanha que abriga esse lugar – perdia-se no céu estrelado. Algures, oculto na mata de uma ravina está o Salto da Pedra Escrita, a cachoeira fantasma. 

Acredito ser assim assinalada esta queda d’águas, não por haver ali espíritos desencarnados, mas porque sua torrente é sazonal e só ocorre durante os meses de chuva. Nas longas estiagens a beleza de seu véu encimado por um arco-íris adormece, e aos iniciados é permitido ler as inscrições gravadas na parede arqueana por séculos de paciente lavor. Com relação ao nome há, é claro, ruidosa controvérsia. Dali, costumam dizer, emergem fenômenos que ninguém consegue explicar. Naquela noite, a presença da cachoeira alcançava-nos com o rumor de um réquiem profano.

O elo perdido

Saciada a curiosidade, voltei minha atenção à paranormal e compreendi que o encontro se dava na condição de proposta de vivência orientada. Rosa instruía o grupo sobre a necessidade que todo ser humano tem de resgatar suas capacidades extra-sensoriais. Ao seu lado, João Tocchetto controlava a fogueira, mantendo-a apaziguada.

Escutei então, que a sensibilidade (ou paranormalidade) é o elo de ligação do homem com o universo. Um elo perdido, que em nossa época mais do que em qualquer outra, necessita ser resgatado, exigindo das pessoas uma tomada de consciência.

“Somos todos sensitivos”, disse Rosa com olhar encorajador, explicando que muitas vezes arrepios, premonições, sonhos, antecipações, angústias e mesmo as antipatias e simpatias que vivenciamos descuidados, são sintomas latentes da nossa sensitividade. 

“A paranormalidade é uma faculdade peculiar ao homem”, esclareceu a vidente. Todos nascemos plenos dessa condição. O que nos atrofia são os condicionamentos e manipulações da nossa educação limitante, e o medo do desconhecido. Entretanto, não existe uma fórmula pronta, mas um processo dinâmico em cada indivíduo.

E dirigindo-se aos desatentos, questionou: “quantos de vocês estão aqui hoje por causa da fama desse lugar? Ou vieram para ver discos voadores? O que vocês precisam entender é que os processos são diferentes para cada pessoa e não há como saber se todos vão vivenciar a mesma experiência. Dizendo isso, foi sentar-se numa cadeira de lona afastada.

A lição

A atenção se dispersou e foi como se a sineta do intervalo houvesse soado. Das bolsas surgiram pedaços de bolo de cenoura e bebidas detox. Aproveitei para me aproximar do casal e com o pretexto de começar uma conversa, perguntei à vidente se os processos a que se referia tinham relação com a reencarnação. Se ela acreditava ser possível tal fenômeno.

Ela respondeu assim: “sim, eu acredito, mas de uma forma diferente da que professam os espíritas. Que outro sentido teria a passagem pelo mundo e depois dele, se não houvesse a possibilidade de prosseguirmos em nosso aprendizado? Contudo, não se engane. Não vá pensar que a reencarnação se dá na velocidade com que nos acometem os fatos da vida. A maioria das pessoas acredita que a experiência do tempo no mundo espiritual transcorre como entre os vivos. Mas não é assim.”

Rosa olhou na direção da Baleia e continuou: “você veio a este lugar hoje porque tem interesse nas inscrições esculpidas na pedra, correto? Quer saber o que dizem, quem as deixou lá e porque.” Surpreendido por ela conhecer o meu propósito ali, respondi apenas que sim com a cabeça.

“Mas há água lá e você não terá sucesso” – prosseguiu a vidente – “não desta vez. Terá que voltar em uma outra ocasião se quiser ver os desenhos.”

Embora eu ainda não houvesse avaliado as condições de observação nas proximidades da cachoeira, escutava claramente o ruído da água. Refleti que Rosa estava certa, e então perguntei – Quanto tempo levará?

“Observe a montanha”, disse Rosa. “Sempre que chove uma pequeníssima parte dela se dissolve. Há muitos milhares de anos alguém ocultou sinais naquelas pedras e agora você deseja descobrir o que eles significam, mas veio na época errada. Saiba que somente quando toda esta montanha tiver desaparecido, levada pela chuva e pelo vento, é que terá transcorrido uma reencarnação. Portanto, não demore em retornar.”

Caçadores de Fantasmas
O Salto da Pedra Escrita em épocas de estiagem. Foto: Valério Azevedo, Setembro de 2003

Os Caçadores de Fantasmas

Eles desvendam mistérios e ajudam pessoas atormentadas por fenômenos paranormais a se libertarem de seus algozes. Revelam o sobrenatural, mas também a fantasia, a doença e a fraude. Sempre com respeito ao inexplicável, sem julgar, nem afrontar aquilo que se encontra além da compreensão. Com independência e distanciamento, investigam a influência dos que habitam além da vida e que, por vezes, se intrometem no destino dos vivos. Eles são os caçadores de fantasmas do Brasil.

Caçadores de Fantasmas
Os caçadores de fantasmas do Brasil, Rosa Maria Jacques e João Tocchetto. Foto: Folha de São Paulo/UOL

Ela utiliza a telepatia e a vidência para se comunicar com o sobrenatural. Ele opera medidores térmicos e magnéticos, microfones ultrassensíveis e câmaras de visão noturna para registrar os fenômenos. Sem vínculos religiosos, filosóficos ou acadêmicos, Rosa Maria Jacques e João Tocchetto estão entre os maiores pesquisadores paranormais do mundo. Em 2017 alcançaram o Hall da Fama dos Caçadores de Fantasmas nos EUA, com registro no ‘Ghost Hunter’s Hall of Fame Paperback’ – indicados pelo célebre Richard L. Senate.

Melhorar a vida das pessoas, valorizando suas capacidades paranormais para viver e morrer bem é a missão do Caça Fantasmas Brasil, que você pode acompanhar conectando-se com:

https://www.youtube.com/c/cacafantasmasbrasil

Conheça melhor os Caça Fantasmas assistindo o vídeo a seguir:

E se, por acaso, estiver precisando organizar as energias ao seu redor, não hesite em contatar:  visaoparanormal@gmail.com

Ou pelo telefone: 19 998 237 805

Publicado por vanaweb

Valério Azevedo nasceu na segunda metade do Século XX. O autor é, portanto, um baby-boomer. Cresceu assistindo televisão. Aos nove anos acompanhou, ao vivo, o homem caminhar pela primeira vez na superfície da Lua, porém sem cores. Há esse tempo, seriados de TV mostravam viajantes do espaço, do tempo e do fundo do mar combatendo monstros ameaçadores. Somente em 1973 a televisão no Brasil ganhou cores e ele passou a ver, sem assombro, negras silhuetas contra o céu azul despejarem a morte sobre a Indochina. Nessa época havia na casa dos seus avós um telefone que ele nunca usou. Anos mais tarde, em seu primeiro emprego, Valério conheceu o videoteipe. Invento extraordinário, que aprimorou a manipulação de imagens e sons, causando na narrativa audiovisual um sentimento algo instantâneo e urgente, e apaixonou-se por essa ideia. Pouco depois apareceram os primeiros computadores pessoais. Eles poderiam facilmente substituir máquinas de escrever e pilhas de papel, mas o autor os percebia apenas como brinquedos. Ele jogava xadrez com um deles e em sua esverdeada tela de fósforo encontrou inspiração para começar a escrever ficção. Com a chegada, no Brasil, do telefone celular e da rede mundial de computadores, em princípios dos anos 1990, a conexão entre as pessoas se intensificou incrivelmente. Ao mesmo tempo, a passagem de registros analógicos para digitais alterou de forma decisiva o modo de se produzir informação. Pouco depois da virada do milênio, o advento das redes sociais da internet foi o golpe de misericórdia na elaboração regulamentar de informações. Para o autor da página A Existência Virtual, “agora que os telefones fazem tudo, e até transmitem imagens e sons ao vivo, cada pessoa já pode se ocupar de espalhar sua precária e angustiada verdade, que a seguir se dissolverá como os entressonhos do alvorecer”. Então, decidiu retornar ao papel impresso, pois segundo ele, conforta-o a sensação do livro nas mãos e a ausência da barra de rolagem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.