A primeira linha de trens da História foi inaugurada em 1830, ligando Liverpool a Manchester, na Grã-Bretanha. Nessa época, cada cidade possuía uma indicação própria de horário, assinalado em geral por relógios públicos instalados no alto de carrilhões. A cada sessenta minutos o impreciso mecanismo do relógio acionava o carrilhão, anunciando a hora certa – que na maioria das vezes variava em dezenas de minutos de cidade para cidade. Como o telégrafo, o telefone, o rádio e a televisão ainda não haviam sido inventados, essas variações tiveram pouca importância no começo. Entretanto, com a afluência de passageiros, a diferença entre a chegada das composições e seus horários anunciados acabou por causar nos viajantes indescritíveis dissabores, provocados por atrasos, antecipações e desencontros. Podemos apenas imaginar o constrangimento dos operadores da linha férrea, e não é incorreto supor que vem daí a obsessão dos ingleses por pontualidade.

A solução proposta em 1847 pelas empresas ferroviárias britânicas foi ajustar os relógios das cidades pelo horário do Observatório Astronômico de Greenwich, possibilitando que as estações adotassem um modelo regular de partidas e chegadas. Ao perceber a incrível eficiência alcançada pela medida, não apenas nas linhas férreas mas, em consequência, em todas as outras linhas de produção da emergente indústria movida à vapor, em 1880 o governo de Sua Majestade estabeleceu que todos os relógios do império seguissem Greenwich. Desde então, todas as horas, tanto as do dia quanto as da noite, têm igualmente sessenta minutos, enquanto que os dias passaram a iniciar após a meia-noite e não mais ao alvorecer.

Hoje, no mundo inteiro os trabalhadores de um determinado lugar podem chegar no trabalho exatamente à mesma hora. Todos almoçam juntos, tenham fome ou não, vão para casa ao mesmo tempo e retornam no dia seguinte, conforme os convoca o relógio. 

Naturalmente, isso é apenas uma convenção estabelecida entre seres humanos, que em nada influencia o funcionamento das engrenagens celestes ou modifica seus movimentos. Nos quatro cantos do planeta, do raiar ao pôr do sol, o dia prossegue fiel a vastas leis secretas. Sob o manto estrelado da noite desfilam esperança e terror mitológicos. As horas mantém o poder de seus astros regentes, cuja duração e atributos são variáveis. Estas são as Horas Planetárias.

Cálculo das Horas Planetárias

A primeira hora que segue o raiar do sol é governada pelo planeta regente do dia. As horas subsequentes são regidas por cada um dos astros seguintes, em ordem astrológica e de maneira sucessiva.

As Horas Planetárias são calculadas conforme a hora exata do nascer e do pôr-do-sol, que definirão os períodos de dia e noite e a duração de cada Hora no local onde é realizada a operação. Assim, dependendo da estação do ano e da região onde é feito o cálculo, as Horas Planetárias poderão ter um pouco mais ou um pouco menos do que os 60 minutos convencionais. Pelas mesmas razões, o período diurno não se referirá à primeira hora da madrugada, mas à primeira Hora do dia a partir do nascer do sol. Em consequência, também com relação ao período da noite, será considerada a primeira hora da noite aquela que vier com o pôr-do-sol. 

O cálculo das Horas Planetárias é obtido por meio dos seguintes passos. Uma vez conhecidos os horários exatos do nascer e do pôr-do-sol, deve-se calcular, em minutos, o tempo transcorrido entre um e outro. O valor total de minutos é, então, dividido pelas 12 horas do período em questão. O número que resulta desta operação indica o tempo em minutos de cada Hora Planetária no período (diurno ou noturno) observado. Adicionando-se este tempo em minutos ao horário inicial do período, obtém-se a hora seguinte e assim sucessivamente.

O costume de atribuir aos astros a regência das horas tem origem na Astrologia Babilônia, que o herdou dos magos caldeus. De acordo com esta tradição, a ordem estabelecida para a sequência dos dias da semana tem por princípio o movimento dos planetas no céu, desde os mais lentos, tendo ao centro o Sol seguido pelos planetas mais velozes e próximos da Terra. Assim, a ordem dos planetas é: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua. Por ocupar lugar central, o Sol tem a regência do primeiro dia. O segundo dia é regido pela Lua e o terceiro por Marte, conforme se pode verificar na tabela a seguir. A regência das Horas seguirá o mesmo critério da velocidade dos astros, em sequência a partir do Sol.

Tabela de regências das Horas Planetárias

Tempo Mágico

Tem o nome de Tempo Mágico aquilo que a astrologia denomina ‘tempo horário’, segundo as horas que se contam do nascer ao pôr-do-sol, em doze horas diurnas, e do pôr ao nascer do sol seguinte em doze horas noturnas.

Esta maneira de contar o tempo é mais exata do que a comumente empregada, uma vez que as horas contadas no relógio dependem de mecanismos que só conseguem estabelecer um tempo médio padrão de sessenta minutos para cada hora. Entretanto, para cada dia do ano e cada lugar é necessário um cálculo especial.

As vinte e quatro horas do dia são subdivididas em quatro partes, cada uma valendo por seis horas desiguais. Esta divisão é o que caracteriza o ‘tempo mágico’. As quatro partes são contadas por vigílias. Laudes (desde o nascer do sol até o meio-dia), vésperas (do meio-dia até o pôr-do-sol), completas (desde o pôr-do-sol até a meia-noite) e matinas (da meia-noite até o alvorecer do dia seguinte). Na intersecção de cada vigília repousa um cardinal, tornando esta Hora Grande. Assim como as regências que governam os dias, cada vigília é governada por um astro, de acordo com a casa que ocupa àquela hora do dia. Os aspectos entre ambas as regências devem ser levados em conta.

Para a consecução de operações mágicas, o valor de cada uma das horas depende, geralmente, do planeta que lhe empresta o signo; em seguida, particularmente, do dia em que a hora está compreendia – e, especialmente, da parte desse dia onde está situada. Isto se refere a qualquer uma das horas.

Tal valor, no entanto, é peculiar àquele que realiza determinada operação mágica, posto que todo planeta tem um papel definido e preciso, variando as faculdades ou possibilidades que o caracterizam, de acordo com a natureza astrológica de cada pessoa.

Levando-se em conta esses fatores, são consideradas favoráveis as Horas de Saturno, Marte e Lua para as chamadas Invocações Ordinárias, também conhecidas por ‘orações’. As Horas de Sol e Vênus para os pedidos de amizade ou amor. As Horas regidas por Mercúrio para estudos e também a fabricação de medalhas, amuletos e talismãs. As Horas de Júpiter e Vênus para a prática de cerimônias evocadoras das forças superiores e rituais simbólicos.

Conecte-se

Nos dias atuais existem calculadoras das horas planetárias que levam em conta todos estes detalhes, facilitando enormemente o trabalho dos que buscam acuidade e precisão. Elas são de fácil manuseio e encontram-se disponíveis por meio de aplicativos na Internet, como a opção indicada no link abaixo:

https://play.google.com/store/apps/details?id=info.thereisonlywe.planetarytimes&hl=pt_BR

Publicado por vanaweb

Valério Azevedo nasceu na segunda metade do Século XX. O autor é, portanto, um baby-boomer. Cresceu assistindo televisão. Aos nove anos acompanhou, ao vivo, o homem caminhar pela primeira vez na superfície da Lua, porém sem cores. Há esse tempo, seriados de TV mostravam viajantes do espaço, do tempo e do fundo do mar combatendo monstros ameaçadores. Somente em 1973 a televisão no Brasil ganhou cores e ele passou a ver, sem assombro, negras silhuetas contra o céu azul despejarem a morte sobre a Indochina. Nessa época havia na casa dos seus avós um telefone que ele nunca usou. Anos mais tarde, em seu primeiro emprego, Valério conheceu o videoteipe. Invento extraordinário, que aprimorou a manipulação de imagens e sons, causando na narrativa audiovisual um sentimento algo instantâneo e urgente, e apaixonou-se por essa ideia. Pouco depois apareceram os primeiros computadores pessoais. Eles poderiam facilmente substituir máquinas de escrever e pilhas de papel, mas o autor os percebia apenas como brinquedos. Ele jogava xadrez com um deles e em sua esverdeada tela de fósforo encontrou inspiração para começar a escrever ficção. Com a chegada, no Brasil, do telefone celular e da rede mundial de computadores, em princípios dos anos 1990, a conexão entre as pessoas se intensificou incrivelmente. Ao mesmo tempo, a passagem de registros analógicos para digitais alterou de forma decisiva o modo de se produzir informação. Pouco depois da virada do milênio, o advento das redes sociais da internet foi o golpe de misericórdia na elaboração regulamentar de informações. Para o autor da página A Existência Virtual, “agora que os telefones fazem tudo, e até transmitem imagens e sons ao vivo, cada pessoa já pode se ocupar de espalhar sua precária e angustiada verdade, que a seguir se dissolverá como os entressonhos do alvorecer”. Então, decidiu retornar ao papel impresso, pois segundo ele, conforta-o a sensação do livro nas mãos e a ausência da barra de rolagem.

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